Exercício 1
Analise o texto abaixo e identifique todos os elementos que constituem a narrativa.
FAROESTE CABOCLO - Renato Russo
Não tinha medo o tal João de Santo Cristo
Era o que todos diziam quando ele se perdeu
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe
deu
Quando criança só pensava em ser bandido
Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai
morreu
Era o terror da cercania onde morava
E na escola até o professor com ele aprendeu
Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar
Sentia mesmo que era mesmo diferente
Sentia que aquilo ali não era o seu lugar
Ele queria sair para ver o mar
E as coisas que ele via na televisão
Juntou dinheiro para poder viajar
De escolha própria escolheu a solidão
Comia todas as menininhas da cidade
De tanto brincar de médico aos doze era
professor
Aos quinze foi mandado pro reformatório
Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror
Não entendia como a vida funcionava
Descriminação por causa da sua classe e sua cor
Ficou cansado de tentar achar resposta
E comprou uma passagem foi direto a Salvador
E lá chegando foi tomar um cafezinho
E encontrou um boiadeiro com quem foi falar
E o boiadeiro tinha uma passagem
Ia perder a viagem mas João foi lhe salvar
Dizia ele - Estou indo pra Brasília
Nesse país lugar melhor não há
Tô precisando visitar a minha filha
Eu fico aqui e você vai no meu lugar
E João aceitou sua proposta
E num ônibus entrou no Planalto central
Ele ficou bestificado com a cidade
Saindo da rodoviária viu as luzes de natal
Meu Deus mas que cidade linda!
No Ano Novo eu começo a trabalhar
Cortar madeira aprendiz de carpinteiro
Ganhava cem mil por mês em Taguatinga
Na sexta feira ia pra zona da cidade
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador
E conhecia muita gente interessante
Até um neto bastardo do seu bisavô
Um peruano que vivia na Bolívia
E muitas coisas trazia de lá
Seu nome era Pablo e ele dizia
Que um negócio ele ia começar
E Santo Cristo até a morte trabalhava
Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar
E ouvia às sete horas o noticiário
Que sempre dizia que seu ministro ia ajudar
Mas ele não queria mais conversa
E decidiu que como Pablo ele iria se virar
Elaborou mais uma vez seu plano santo
E sem ser crucificado a plantação foi começar
Logo, logo os maluco da cidade
Souberam da novidade
Tem bagulho bom aí!
E o João de Santo Cristo ficou rico
E acabou com todos os traficantes dali
Fez amigos, frequentava a Asa Norte
Ia pra festa de Rock pra se libertar
Mas de repente
Sob uma má influência dos boyzinhos da cidade
Começou a roubar
Já no primeiro roubo ele dançou
E pro inferno ele foi pela primeira vez
Violência e estupro do seu corpo
Vocês vão ver, eu vou pegar vocês!
Agora Santo Cristo era bandido
Destemido e temido no Distrito Federal
Não tinha nenhum medo de polícia
Capitão ou traficante, playboy ou general
Foi quando conheceu uma menina
E de todos os seus pecados ele se arrependeu
Maria Lúcia era uma menina linda
E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu
Ele dizia que queria se casar
E carpinteiro ele voltou a ser
Maria Lúcia pra sempre vou te amar
E um filho com você eu quero ter
O tempo passa
E um dia vem na porta um senhor de alta classe
com
Dinheiro na mão
E ele faz uma proposta indecorosa
E diz que espera uma resposta, uma resposta de
João
Não boto bomba em banca de jornal
Nem em colégio de criança
Isso eu não faço não
E não protejo general de dez estrelas
Que fica atrás da mesa com o cu na mão
E é melhor o senhor sair da minha casa
E nunca brinque com um peixes de ascendente
escorpião
Mas antes de sair com ódio no olhar
O velho disse
Você perdeu a sua vida, meu irmão!
Você perdeu a sua vida, meu irmão!
Você perdeu a sua vida, meu irmão!
Essas palavras vão entrar no coração
Eu vou sofrer as consequências como um cão
Não é que o Santo Cristo estava certo
Seu futuro era incerto
E ele não foi trabalhar
Se embebedou e no meio da bebedeira
Descobriu que tinha outro trabalhando em seu
lugar
Falou com Pablo que queria um parceiro
Que também tinha dinheiro e queria se armar
Pablo trazia o contrabando da Bolívia
E Santo Cristo revendia em Planaltina
Mas acontece que um tal de Jeremias
Traficante de renome apareceu por lá
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo
E decidiu que com João ele ia acabar
Mas Pablo trouxe uma Winchester 22
E Santo Cristo já sabia atirar
E decidiu usar a arma só depois
Que Jeremias começasse a brigar
Jeremias maconheiro sem vergonha
Organizou a Rockonha e fez todo mundo dançar
Desvirginava mocinhas inocentes
E dizia que era crente mas não sabia rezar
E Santo Cristo há muito não ia pra casa
E a saudade começou a apertar
Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia
Já está em tempo de a gente se casar
Chegando em casa então ele chorou
E pro inferno ele foi pela segunda vez
Com Maria Lúcia Jeremias se casou
E um filho nela ele fez
Santo Cristo era só ódio por dentro
E então o Jeremias pra um duelo ele chamou
Amanhã, as duas horas na Ceilândia
Em frente ao lote catorze é pra lá que eu vou
E você pode escolher as suas armas
Que eu acabo mesmo com você,
seu porco traidor
E mato também Maria Lúcia
Aquela menina falsa pra quem jurei o meu amor
E Santo Cristo não sabia o que fazer
Quando viu o repórter da televisão
Que deu notícia do duelo na Tv
Dizendo a hora o local e a razão
No sábado, então as duas horas
Todo o povo sem demora
Foi lá só pra assistir
Um homem que atirava pelas costas
E acertou o Santo Cristo
E começou a sorrir
Sentindo o sangue na garganta
João olhou pras bandeirinhas
E o povo a aplaudir
E olhou pro sorveteiro
E pras câmeras e a gente da Tv filmava tudo ali
E se lembrou de quando era uma criança
E de tudo o que vivera até ali
E decidiu entrar de vez naquela dança
Se a Via-Crucis virou circo, estou aqui
E nisso o sol cegou seus olhos
E então Maria Lúcia ele reconheceu
Ela trazia a Winchester 22
A arma que seu primo Pablo lhe deu
Jeremias, eu sou homem. Coisa que você não é
E não atiro pelas costas, não
Olha prá cá filho da puta sem vergonha
Dá uma olhada no meu sangue
E vem sentir o teu perdão
E Santo Cristo com a Winchester 22
Deu cinco tiros no bandido traidor
Maria Lúcia se arrependeu depois
E morreu junto com João, seu protetor
O povo declarava que João de Santo Cristo
Era santo porque sabia morrer
E a alta burguesia da cidade não acreditou na
história
Que eles viram da Tv
E João não conseguiu o que queria
Quando veio pra Brasília com o diabo ter
Ele queria era falar com o presidente
Pra ajudar toda essa gente que só faz
Sofrer!!
a) Quem são os personagens? (Protagonista, antagonista e secundários)
b) Onde se desenvolvem os fatos narrados? (Espaço)
c) Quando a narrativa acontece? (Tempo)
d) Qual é o foco narrativo? (Perfil do narrador)
Exercício 2
UM APÓLOGO – Machado de Assis
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de
linha:
- Por que está você com esse ar, toda cheia de si,
toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
- Deixe-me, senhora.
- Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe
digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me
der na cabeça.
- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é
agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que
Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
- Mas você é orgulhosa.
- Decerto que sou.
- Mas por quê?
- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites
de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
- Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose?
Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso,
prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou
adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando...
- Também os batedores vão adiante do imperador.
- Você é imperador?
- Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um
papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o
trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da
baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que
tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira,
pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e
entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era
a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana
- para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há
pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que
vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima.
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco
aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa como quem sabe
o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não
lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na
saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic plic-plic da
agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia
seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e
ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A
costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho,
para dar algum ponto necessário. E quando compunha o vestido da bela dama, e
puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando,
a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:
- Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no
corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai
dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira,
antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um
alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho
para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de
costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam,
fico.
Contei esta história a um professor de melancolia,
que me disse, abanando a cabeça: - Também eu tenho servido de agulha a muita
linha ordinária!
a) Quais são os personagens principais do apólogo e como eles são caracterizados? (2 a 3 linhas de resposta)
b) Em que época e onde se passa essa história? O que ajuda o leitor a identificar o tempo e o espaço da narrativa? (3 a 4 linhas de resposta)
c) Identifique o conflito e o clímax da história. (3 a 4 linhas de resposta)
d) A relação que existe entre a agulha e o novelo de linha pode ser comparada à da costureira e da baronesa. Que relação é essa? Comente. (5 linhas de resposta)
e) Na sua opinião, o que significa “linha ordinária”, na fala do professor de melancolia? (3 a 5 linhas de resposta)
f) Que lição se pode tirar desse apólogo? (3 a 5 linhas de resposta)
g) Que aspectos da vida humana o apólogo ilustra? (3
a 5 linhas de resposta)
Exercício 3
Leia o texto a seguir, observando a presença e a convivência de vários discursos:
O sinal ficou vermelho e lá
se foi o menino jornaleiro cantar a manchete do jornal: - Vinte e dois adultos
enganados por um menino! Uma criança engana vinte e dois adultos! Um motorista abaixa o vidro,
puxa o dinheiro e pede ao menino que, por favor, lhe dê um jornal. Ao ler a
primeira página, percebe que foi enganado: o jornal era de um ano atrás.
Ficou furioso, mas justamente naquele momento o sinal abriu. O sujeito ainda teve tempo
de olhar pelo retrovisor e viu o menino gritando: - vinte e três pessoas
enganadas por um menino! Uma criança engana vinte e três adultos! |
Neste texto notamos a presença de três vozes, ou três discursos: a do narrador, a do menino jornaleiro e a do motorista. Quando se trata da voz do menino, suas falas são reproduzidas integralmente. Identifique essas falas e o sinal de pontuação utilizado para introduzi-las.
Exercício 4
Observe o trecho:
“Um motorista abaixa o vidro, puxa o
dinheiro e pede ao menino que, por favor, lhe dê um jornal.” |
No trecho, a voz do personagem não aparece integralmente. O narrador é
quem conta como foi o diálogo. Reescreva na forma direta a frase dita pelo
motorista, isto é, do modo como ele provavelmente a disse naquela situação.
Exercício 5
Indique o
tipo de discurso (direto ou indireto), empregados nos textos abaixo:
a) Quando o pai
chegou, perguntou à mulher quem quebrara o vidro e a mulher disse que foi o
Pedrinho.
b) Ele prometeu
experimentar, mas só se eu ficasse vigiando; eu disse que vigiaria, mas ele
disse que só começava depois que eu jurasse. Não vi mal nenhum disse que
jurava.
c) - Alô, é do
manicômio?
- Não, senhor, deve ter havido algum
engano, nosso telefone só vai ser instalado na próxima semana.
d) Jesus Cristo
disse “Nem só de pão viverá o homem” (mateus, cap. 4).
Exercício 6
Passe no
seu caderno as orações abaixo do discurso indireto para o discurso DIRETO:
a) O delegado
afirmou que suspeitava de todos.
b) A esposa
confirmou que seu marido tinha estado em casa na noite anterior.
c) O rapaz
garantiu que levaria as compras para a mãe daqui a pouco.
d) O vizinho
disse-lhe que não queria que ele viesse mais ali, em sua casa.
Exercício 7
Passe no seu caderno as orações abaixo do discurso direto para o discurso INDIRETO:
a) O pai gritou:
- Quero saber quem fez essa bagunça aqui na sala?
b) A vendedora
perguntou: - Precisa de ajuda, senhora?
c) A cliente
respondeu: - Não preciso de ajuda, estou só de passagem.
d) A mãe
ordenou: - Pare de questionar, menino, e faça rápido o que eu lhe pedi.
Exercício 8
Leia o texto abaixo para responder ao que se pede:
RIVALIDADE ARGENTINA Estavam
certa vez, o americano, o argentino e o brasileiro, na China, bebendo umas e
outras em praça pública, isso é proibido, não é? Não sei. Sim, era coisa que
é proibida nesse país. Foram presos e levados ao juiz. O
juiz condenou que cada um levaria 20 chibatadas. Como
era transição entre o ano do galo e o tigre, tinham direito, isso todos os
prisioneiros, a um pedido, desde que não fosse escapar da punição. O
juiz falou: "Americano, vocês são um povinho metido a besta,
prepotentes, acham que são os donos do mundo, mas mesmo assim lhe concedo o
pedido, pode pedir". O
americano fala: "Amarrem um travesseiro nas minhas costas". Lá
pela décima chibatada, o travesseiro rompe e ele acaba levando mais 10
chibatadas no couro limpo. Para
o argentino o juiz disse "Argentino, vocês sim são um povo cheio de
marra, êta gente chata, como vocês nunca vi, mas vou ter de lhe conceder o
pedido". "Amarrem
2 travesseiros nas minhas costas". Diz o argentino. Depois da 15ª
chibatada os travesseiros não aguentam a força das chibatadas e acaba levando
5 chibatadas sem qualquer proteção. Chega
a vez do brasileiro. Diz o juiz” vocês são um povo exemplar, povo sofrido,
vive na miséria, trabalha e mesmo assim mantém o bom-humor, ao invés de um
pedido, vou quebrar o protocolo e lhe favorecer a dois pedidos. Pode pedir.” O
brasileiro fala: "Não quero levar 20 chibatadas e sim 200". O juiz
se espantou, mas tudo bem, o cara era brasileiro. E pergunta: "Qual é o
2º pedido?" "Amarrem
o argentino nas minhas costas." Texto adaptado |
a) Que
tipo de texto é esse que acabamos de ler?
b) Sobre
o que ele trata?
c) Quantas
vozes aparecem neste texto?
d) O
que o autor do texto usou para representar as falas dos personagens na maior
parte do texto?
e) Quais
sinais de pontuação foram usados para indicar o tipo de discurso predominante?
f) Encontre no texto um fragmento em que
ocorre a presença do discurso indireto-livre.
Exercício 9
Leia o texto abaixo e responda às perguntas:
No hospício, o
doido telefona para o corpo de bombeiros e avisa: - Tá pegando
fogo no hospício. Rapidamente os
bombeiros chegam ao local: - Onde é o
fogo? O doido: - Vocês vieram
tão rápido que ainda nem deu tempo de botar. |
a) Que
tipo de discurso predomina no texto acima?
b) Quais
sinais de pontuação usados para representar esse discurso?
c) Passe
todo o texto para o discurso indireto.
Exercício 10
Leia o texto abaixo e depois assinale V para verdadeiro e F para falso nas afirmações:
O HOMEM TROCADO O homem acorda
da anestesia e olha em volta, ainda estou na sala de recuperação? Há uma
enfermeira do seu lado, será que foi tube bem comigo? - Tudo
perfeito - diz a enfermeira, sorrindo. - Eu estava
com medo desta operação... - Por quê? Não
havia risco nenhum. - Comigo,
sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos... E conta que os
enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca de bebês no berçário e
ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam
o fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele
fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o pai
abandonara a mulher depois que esta não soubera explicar o nascimento de um
bebê chinês. Meu nome também é outro engano. - Seu nome não
é Lírio? - Era para ser
Lauro. Se enganaram no cartório e... Os enganos se
sucediam. Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não fazia. Fizera o
vestibular com sucesso, mas não conseguira entrar na universidade. O
computador se enganara, seu nome não apareceu na lista. - Há anos que
a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mês passado tive que
pagar mais de R$ 3 mil. - O senhor não
faz chamadas interurbanas? - Eu não tenho
telefone! Conhecera sua
mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram felizes. - Por quê? - Ela me
enganava. Fora preso por
engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que não fazia.
Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer: - O senhor
está desenganado. Mas também
fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma simples apendicite. - Se você diz
que a operação foi bem... A enfermeira
parou de sorrir. - Apendicite?
- perguntou hesitante. - É. A
operação era para tirar o apêndice. - Não era para trocar de sexo? Luís Fernando Veríssimo - Adaptado |
( )
Tudo na vida desse personagem só acontecia o contrário, ou seja, coisas que não
eram para acontecer.
( )
Esse texto apresenta a voz do narrador, do paciente e da enfermeira.
( )
Em maior parte o texto, ele é estruturado no discurso indireto.
( )
Para indicar o discurso direto o autor do texto utiliza-se das aspas e
vírgulas.
( )
A única coisa que deu certo na vida desse sujeito foi a sua operação, que
ocorreu tudo como ele queria.
( ) No texto, há fragmentos em que aparece o
discurso indireto-livre.
Exercício 11
Leia o conto abaixo para atender à proposta.
AMOR
DE LONGO ALCANCE
Durante
anos, separados pelo destino, amaram-se a distância. Sem que um soubesse o
paradeiro do outro, procuravam-se através dos continentes, cruzavam pontes e
oceanos, vasculhavam vielas, indagavam. Bússola da longa busca, levavam a
lembrança de um rosto sempre mutante, em que o desejo, incessantemente,
redesenhava os traços apagados do tempo.
Já
quase nada havia em comum entre aqueles rostos e a realidade, quando, enfim,
numa praça se encontraram. Juntos, podiam agora viver a vida com que sempre
haviam sonhado.
Porém
cedo descobriram que a força do seu passado amor era insuperável. Depois de
tantos anos de afastamento, não podiam viver senão separados, apaixonadamente
desejando-se. E, entre risos e lágrimas, despediram-se, indo morar em cidades
distantes.
Marina Colasanti
Narre uma história em que você assume o papel de uma das personagens desse conto. Em sua narrativa você precisa apresentar um justificativa para o fim do relacionamento. O que aconteceu no segundo encontro? Por que foi melhor manter viva a lembrança?
Exercício 12
Leia o texto abaixo para responder às questões.
Era um garoto...
Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo sempre a cantar
As coisas lindas da América
Não era belo, mas mesmo assim
Havia mil garotas a fim
Cantava Help and Ticket To Ride
Oh Lady Jane e Yesterday
Cantava viva à liberdade
Mas uma carta, sem esperar
Da sua guitarra o separou
Fora chamado na América
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã
Lutar com Vietcongs
Ratá-tá tá tá, tatá-rá tá tá
Ratá-tá tá tá, tatá-rá tá tá
Ratá-tá tá tá, tatá-rá tá tá
Ratá-tá tá tá
Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo, mas acabou
Fazendo a guerra no Vietnã
Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra, e sim
Um instrumento que sempre dá
A mesma nota, ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas
Só gente morta caindo ao chão
Ao seu país não voltará
Pois está morto no Vietnã
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
No peito, um coração não há
Mas duas medalhas sim
Ratá-tá tá tá, tatá-rá tá tá
Ratá-tá tá tá, tatá-rá tá tá
Ratá-tá tá tá, tatá-rá tá tá
Ratá-tá tá tá
Engenheiros do Hawaii
a) Evidencie as fases da narrativa presentes nesse texto.
b) Redija uma análise crítica do texto.
Leia o texto abaixo para responder às questões:
Em dezembro
“Em
dezembro mangas maduras eram vistas da janela – mas antes disso já tínhamos
comido muita manga verde com sal, tirado escondido da cozinha. [...]
—
Quem comeu manga verde? Vamos, confessa, já. Nenhum confessava: os dois de
castigo.
Mostrei
para Neusa a manga amoitada no capim: começava a amarelar. Ela cheirou, apertou
contra o rosto, me pediu.
—
Dou um pedaço.
—
Quero a manga inteira.
—
A manga inteira não. Um pedaço. [...]
—
A manga inteira ou nada.
—
Então nada.
Quando
entrei na cozinha, Vovó estava me esperando:
—
Pode ir direto para o quarto, já sei de tudo. Fiquei fechado de castigo até a
hora da janta.
—
Se tornar a comer manga verde, da próxima vez vai apanhar é de vara, ouviu?
Quem
apanhou de vara foi Neusa. Cerquei-a no fundo do quintal com uma vara:
—
Você enredou, agora vai pagar. [...]
Ela
pediu pelo amor de Deus. Perguntei se ela gostava de mim. Ela disse que
gostava. Pedi para ela dizer: ‘Eu te amo.’ Ela disse. [...] Eu falei que era
mentira, que ela gostava é de Marcelo. Então ela disse que era mentira mesmo,
que tinha é nojo de mim, e eu desci uma varada nas pernas dela. Em vez de
correr, ela ficou parada, encolhida contra o muro [...].
—
Pede perdão, senão eu bato de novo! [...]
Ameacei
com a vara, mas ela só chorava. Então bati de novo, e dessa vez ela nem se
mexeu, como se não tivesse sentido dor. Foi andando em direção a casa, e eu
fiquei parado, vendo-a afastar-se. [...]
Ao
voltar para casa, deixei três moranguinhos na mesinha do quarto onde ela,
deitada, havia adormecido.
No
dia seguinte recebi uma caixinha embrulhada — dentro os três moranguinhos e um
bilhete: ‘Eu gostava é de você mesmo, mas agora nunca mais’.”
VILELA,
Luiz. Contos da infância e da adolescência. São
Paulo:
Ática, 2001.
13 - O texto acima é o fragmento de um conto narrado em (?). O narrador é o (?),
isto é, a personagem principal da história: ele participa ativamente dos
acontecimentos e é de seu ponto de vista que tudo é observado e narrado.
Chamamos esse tipo de narrador de(?).
As palavras que completam corretamente a afirmação acima são:
a)
1ª pessoa, antagonista, narrador-observador
b)
2ª pessoa, protagonista, narrador-personagem
c)
3ª pessoa, secundário, narrador-observador
d)
1ª pessoa, protagonista, narrador-personagem
e)
3ª pessoa, protagonista, narrador-personagem
13 - Que marcas gramaticais permitem dizer em que pessoa um texto é narrado?
Retire 3 exemplos do texto lido.
14 - Transcreva uma frase ou expressão que revelem impressões do narrador.
15 - Reescreva o parágrafo sublinhado, alterando o foco narrativo.
16 - Na maior parte de suas falas, o autor utiliza os verbos no tempo (?), pois está narrando fatos que (?). Já o tempo verbal utilizados nas falas dos personagens é o (?), já que se referem a fatos que (?).
a) presente, estão acontecendo, pretérito, já aconteceram.
b)
pretérito, já aconteceram, presente, estão acontecendo.
c
) futuro, irão acontecer, presente, estão acontecendo.
d)
presente, já aconteceram, pretérito, estão acontecendo.
e)
pretérito, estão acontecendo, futuro, irão acontecer.
17 - Além dos verbos, há outras maneiras de marcar o tempo em uma narrativa. Localize, no texto, uma palavra ou expressão que indiquem tempo decorrido na narrativa.
18 - Nesse conto, o narrador tem acesso aos pensamentos e emoções das outras personagens?
a) Em que momento o narrador descobre os verdadeiros sentimentos de Neusa em relação a ele?
b) Em sua opinião, por que ele não acreditou quando ela disse, no quintal, que gostava dele?
19 – No texto predomina o discurso direto ou indireto? Justifique
20 – Reescreva o trecho abaixo, modificando o discurso utilizado pelo narrador:
Discurso direto:
—
Pode ir direto para o quarto, já sei de tudo. Fiquei fechado de castigo até a
hora da janta.
a)
Discurso indireto:
b)
Discurso indireto livre:
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