domingo, 25 de setembro de 2022

Interpretação de texto - Ensino Médio

Exercício 1


O Colecionador de pedras

Pedro
Nasceu em dia de chuva,
No ventre da tempestade.
Deus deu-lhe a vida
A mãe, luz a pele escura.
Dona Ana era jardineira
Plantava flores sobre pedras.
O pai, espinho de trepadeira,
Apenas doou o esperma.
Pedra preciosa
Foi recebido pelo destino
Com quatro pedras na mão.
A fome, de forma desonrosa
Transformou em homem, o menino
Que brincava com os pés no chão.
Por causa da pobreza,
A pedra do seu sapato,
Vendeu pedra de gelo
Com gosto de chocolate.
Humilde,
mas só se curvou de joelhos
quando foi engraxate.
Pedra lascada
Construiu edifícios,
Varreu ruas,
escreveu poemas.
Mestre sem nenhum ofício
Tornou-se pedregulho, no rim do sistema.
Rocha,
Onde a vida queria grão de areia,
O poeta canta sua dor
rima a dor alheia.
E sem deixar pedra sobre pedra
Do rancor, o amor ele sampleia*.

Sérgio Vaz

Sampleia* (reconstruir sons e criar uma nova composição)


a) Faça uma análise das características da mãe e do pai do personagem Pedro, retratados no poema. Retire fragmentos que comprovem sua opinião.

b) Levante hipóteses: por que a maturidade de Pedro se estabeleceu precocemente?

c) Analise a metáfora "tornou-se pedregulho no rim do sistema". Justifique.

d) Existem algumas características do personagem Pedro que se encaixam no seu projeto de vida? Comente.



Exercício 2

Os Miseráveis.

‎Vítor nasceu no Jardim das Margaridas.
Erva daninha, nunca teve primavera.
Cresceu sem pai, sem mãe, sem norte, sem seta.
Pés no chão, nunca teve bicicleta.
Já Hugo, não nasceu, estreou.
Pele branquinha, nunca teve inverno.
Tinha pai, tinha mãe, caderno e fada madrinha.
Vítor virou ladrão, Hugo salafrário.
Um roubava pro pão, o outro, pra reforçar o salário.
Um usava capuz, o outro, gravata.
Um roubava na luz, o outro, em noite de serenata.
Um vivia de cativeiro, o outro, de negócio.
Um não tinha amigo: parceiro.
O outro, tinha sócio.
Retrato falado, Vítor tinha a cara na notícia,
enquanto Hugo fazia pose pra revista.
O da pólvora apodrece penitente, o da caneta
enriquece impunemente 
A um, só resta virar crente, o outro, é candidato a presidente.

Sérgio Vaz


a) Na sua opinião, qual foi o pior criminoso? Por quê? Justifique.

b) Faça uma interpretação subjetivas dos versos "Nunca teve primavera" e "Nunca teve inverno". Tente revelar os múltiplos sentidos dessas metáforas na perspectiva do personagem Vitor.

c) Qual verso do poema mais lhe chamou a atenção? Justifique sua resposta.



Exercício 3

Metáfora

Uma lata existe para conter algo

Mas quando o poeta diz: "Lata"
Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: "Meta"
Pode estar querendo dizer o inatingível


Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber

O incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora


Gilberto Gil


a) É correto dizer que a  palavra “lata” no 2º verso da 1ª estrofe está no sentido figurado? Justifique a sua resposta.


b) Qual é a sua interpretação do verso “na lata do poeta tudonada cabe”?


c) Relacione o título do poema com a mensagem da música?



Exercício 4

Geração Coca-Cola

Quando nascemos fomos programados a receber o que vocês
Nos empurraram com os enlatados dos U.S.A de nove às seis
Desde pequenos nós comemos lixo comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez, vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês

Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Nós somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola  

Depois de vinte anos na escola não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo, não é assim que tem que ser? Vamos fazer nosso dever de casa e aí então vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis

Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Nós somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola  

Legião Urbana


a) Em sua opinião, baseando-se nas pistas textuais, qual é o objetivo do texto?

b) Em sua opinião, baseando-se nas pistas textuais, o que representa a expressão “Geração Coca-Cola”?

c) Há tentativa do autor de promover a interação com o leitor. Justifique sua resposta a partir do texto.



Leia o texto abaixo para responder às questões:


No lugar do outro
   Estamos vivendo uma crise intensa: a das relações humanas. Todos os dias testemunhamos ou protagonizamos, tanto na vida presencial quanto na virtual, comportamentos e atitudes que vão do ódio declarado ou sutil ao desdém em relação ao outro. As relações humanas, sempre tão complexas, exigem, no entanto, delicadeza, atenção e compromisso social. Tem sido difícil manter a saúde mental e a qualidade de vida no contexto atual.     Crianças e adolescentes já dão sinais claros de que têm aprendido muito com nossa dificuldade em conviver com as diferenças e de respeitá-las de tentar colocar-se no lugar do outro para compreender suas posições e atitudes; de ter compaixão; de conflitar em vez de confrontar, de agir com doçura, por exemplo. Conseguir fazer isso é ter empatia com o outro.
   Pais e professores têm reclamado de comportamentos provocativos desrespeitosos, desafiadores e desobedientes dos mais novos. Entretanto, se pudéssemos nos dedicar por alguns momentos à auto-observação, constataríamos essas características também em nós, adultos.
   Mas são os mais novos que levam a pior nessa história, crianças e adolescentes que desobedecem, desafiam e tem comportamentos considerados agressivos, como os nossos, podem receber diagnósticos e orientação para tratamento. Conheço famílias com filhos diagnosticados com “Transtorno Desafiador Opositivo”, porque têm comportamentos típicos da idade. Há uma grande preocupação global com a nossa atual falta de empatia. Um sinal disso foi a inauguração, em Londres, do primeiro Museu da Empatia.
   Nele, os visitantes são convocados a experimentar/enxergar o mundo pelo olhar de um outro - não próximo ou conhecido, mas um outro com quem eles não têm qualquer relação. A expressão que deu sentido ao museu é a expressão inglesa “in your shoes” (em seus sapatos), que em língua portuguesa significa “em seu lugar”.
    Os visitantes se deparam, na entrada, com uma caixa com diferentes pares de sapatos usados. Escolhem um de seu número para calçar e recebem um áudio que conta uma parte da história da
pessoa que foi dona daquele par.
    Desenvolver a empatia é uma condição absolutamente necessária para ensiná-la aos mais novos. Aliás, eles podem tê-la mais facilmente do que nós. Um pai me contou, comovido, que conversava com um amigo a respeito da situação de muitos refugiados de países em guerra e que comentou que não adiantava a busca por outro local, já que a crise de empregos era mundial. Seu filho, de sete anos, que estava por perto, perguntou de imediato: “Pai, se tivesse guerra aqui, você preferiria que eu morresse?”. Ele mudou de ideia.
   Estacionar o carro em vaga de idosos, grávidas e portadores de deficiência é mais do que contravenção: é falta de empatia. Reclamar da lentidão dos velhos é mais do que desrespeito: é falta de empatia. Agredir ostensivamente o outro por suas posições é mais do que dificuldade em lidar com as diferenças: é falta de empatia. Do mesmo modo, reclamar do comportamento dos mais novos é falta de empatia.
       A empatia pode provocar uma grande mudança social, diz Roman Krznari, estudioso do tema. Vamos desenvolvê-la para ensiná-la?
(Folha de S. Paulo, 22/9/2015)


1 – Os textos de opinião costumam apresentar o tema e o ponto de vista do autor nos primeiros parágrafos.

a) Qual é a afirmação feita no início, em torno da qual a autora desenvolve o texto?

b) O fenômeno apontado no 1o parágrafo diz respeito a um termo do âmbito da psicologia apre-
sentado pela autora no 2o parágrafo. Qual é esse termo? A que ele corresponde?

c) Em que consiste o fenômeno apontado pela autora? Como ele se manifesta? Dê exemplos extraídos do texto.


2 – De acordo com o texto, a falta de empatia é um problema específico das crianças e dos jovens?
Justifique sua resposta com elementos do texto.


3 – Um texto argumentativo pode ser desenvolvido com exemplos, citações, comparações, dados estatísticos, etc. No 5º, no 6º e no 7º parágrafos, a autora comenta o “Museu da Empatia”, em Londres.
a) Que efeito a referência à inauguração deste museu traz para a argumentação da autora?
b) Com que finalidade o museu convida os visitantes a calçar sapatos de outras pessoas e a ouvir a história delas?


4 – Releia este trecho do texto:
“Desenvolver a empatia é uma condição absolutamente necessária para ensiná-la aos mais novos. Aliás, eles podem tê-la mais facilmente do que nós.” a) Por que, segundo a autora, é necessário que os adultos desenvolvam e exercitem a empatia?
b) Você concorda com o ponto de vista da autora de que as pessoas mais jovens podem ter empatia mais facilmente do que os adultos? Por quê?


5 – No 9º parágrafo, para ilustrar com mais um exemplo seu ponto de vista, Rosely Sayão cita o relato de um pai que fez um comentário sobre os refugiados de guerra e provocou uma reação inesperada do filho.
a) Por que o pai mudou de ideia depois do comentário do filho?
b) Nessa situação, o filho demonstrou ter mais empatia do que o pai? Por quê?


6 – A estrutura de um artigo de opinião não é rígida, mas normalmente é apresentada a ideia principal do texto no 1º ou no 2º parágrafo, há um desenvolvimento, com dois ou três parágrafos, e um parágrafo final como conclusão.
a) No artigo de opinião lido, qual é a ideia principal presente na conclusão?
b) A pergunta “Vamos desenvolvê-la para ensiná-la?” é dirigida a quem? Por quê?


7 – Observe a linguagem do texto.
a) Ela está de acordo com a norma padrão? É formal ou informal? Justifique sua resposta com elementos do texto.
b) Em um texto argumentativo, o autor pode se colocar
• de modo impessoal e mais distanciado, empregando verbos e pronomes na 3a pessoa do singular. • de modo relativamente impessoal, empregando o pronome nós (1a pessoa do plural) como se falasse em nome de um grupo em que se inclui ou como recurso de generalização. • de modo pessoal, fazendo referência a si mesmo.
Quais desses modos a autora do texto utilizou para construir sua argumentação? Quando ela opta por um ou outro desses recursos? Justifique sua resposta com exemplos extraídos do texto.

No lugar do outro

Estamos vivendo uma crise intensa: a das relações humanas. Todos os dias testemunhamos ou protagonizamos, tanto na vida presencial quanto na virtual, comportamentos e atitudes que vão do ódio declarado ou sutil ao desdém em relação ao outro. As relações humanas, sempre tão complexas, exigem, no entanto, delicadeza, atenção e compromisso social. Tem sido difícil manter a saúde mental e a qualidade de vida no contexto atual.

Crianças e adolescentes já dão sinais claros de que têm aprendido muito com nossa dificuldade em conviver com as diferenças e de respeitá-las; de tentar colocar-se no lugar do outro para compreender suas posições e atitudes; de ter compaixão; de conflitar em vez de confrontar; de agir com doçura, por exemplo. Conseguir fazer isso é ter empatia com o outro.

Pais e professores têm reclamado de comportamentos provocativos, desrespeitosos, desafiadores e desobedientes dos mais novos. Entretanto, se pudéssemos nos dedicar por alguns momentos à auto-observação, constataríamos essas características também em nós, adultos.

Mas são os mais novos que levam a pior nessa história: crianças e adolescentes que desobedecem, desafiam e têm comportamentos considerados agressivos, como os nossos, podem receber diagnósticos e orientação para tratamento. Conheço famílias com filhos diagnosticados com "Transtorno Desafiador Opositivo", porque têm comportamentos típicos da idade.

Há uma grande preocupação global com a nossa atual falta de empatia. Um sinal disso foi a inauguração, em Londres, do primeiro Museu da Empatia.

Nele, os visitantes são convocados a experimentar/enxergar o mundo pelo olhar de um outro -não próximo ou conhecido, mas um outro com quem eles não têm qualquer relação. A expressão que deu sentido ao museu é a expressão inglesa "in your shoes" (em seus sapatos), que em língua portuguesa significa "em seu lugar".

Os visitantes se deparam, na entrada, com uma caixa com diferentes pares de sapatos usados. Escolhem um de seu número para calçar e recebem um áudio que conta uma parte da história da pessoa que foi dona daquele par.

Desenvolver a empatia é uma condição absolutamente necessária para ensiná-la aos mais novos. Aliás, eles podem tê-la mais facilmente do que nós. Um pai me contou, comovido, que conversava com um amigo a respeito da situação de muitos refugiados de países em guerra e que comentou que não adiantava a busca por outro local, já que a crise de empregos era mundial. Seu filho, de sete anos, que estava por perto, perguntou de imediato: "Pai, se tivesse guerra aqui, você preferiria que eu morresse?". Ele mudou de ideia.

Estacionar o carro em vaga de idosos, grávidas e portadores de deficiência é mais do que contravenção: é falta de empatia. Reclamar da lentidão dos velhos é mais do que desrespeito: é falta de empatia. Agredir ostensivamente o outro por suas posições é mais do que dificuldade em lidar com as diferenças: é falta de empatia.

Do mesmo modo, reclamar do comportamento dos mais novos é falta de empatia.

A empatia pode provocar uma grande mudança social, diz Roman Krznari, estudioso do tema. Vamos desenvolvê-la para ensiná-la?

ROSELY SAYÃO

1- Os textos de opinião costumam

apresentar o tema e o ponto de vista do autor nos primeiros parágrafos.

a) Qual é a afirmação feita no início, em torno da qual a autora desenvolve o texto?

b) O fenômeno apontado no 1º parágrafo diz respeito a um termo do âmbito da psicologia apresentado pela autora no 2º parágrafo. Qual é esse termo? A que ele corresponde?

c) Em que consiste o fenômeno apontado pela autora? Como ele se manifesta? Dê exemplos extraídos no texto.

2- De acordo com o texto, a falta de

empatia é um problema específico das crianças e dos jovens? Justifique sua resposta com elementos do texto.

3- Um texto argumentativo pode ser

desenvolvido com exemplos, citações, comparações, dados estatísticos, etc. No 5º, no 6º e no 7º parágrafos, a autora comenta o Museu da Empatia, em Londres.

a) Que efeito a referência à inauguração desse museu traz para a argumentação da autora?

b) Com que finalidade o museu convida os

visitantes a calçar sapatos de outras pessoas e a ouvir a história delas?

4- Releia este trecho do texto:

"Desenvolver a empatia é uma condição absolutamente necessária para ensiná-la aos mais novos. Aliás, eles podem tê-la mais facilmente do que nós."

a) Por que, segundo a autora, é necessário que os adultos desenvolvam e exercitem a empatia?

b) Você concorda com o ponto de vista da autora de que as pessoas mais jovens podem ter empatia mais facilmente do que os adultos? Por quê?

5- No 9º parágrafo, para ilustrar com mais

um exemplo seu ponto de vista, Rosely Sayão cita o relato de um pai que fez um comentário sobre os refugiados de guerra e provocou uma reação inesperada do filho. 

a) Por que o pai mudou de ideia, depois do comentário do filho?

b) Nessa situação, o filho demonstrou ter mais empatia do que o pai? Por quê?

6- A estrutura de um artigo de opinião não

é rígida, mas normalmente é apresentada a ideia principal do texto no 1º ou no 2º parágrafo, há um desenvolvimento, com dois ou três parágrafos, e um parágrafo final como conclusão.

a) No artigo de opinião lido, qual é a ideia principal presente na conclusão?

b) A pergunta "Vamos desenvolvê-la para ensiná-la?" é dirigida a quem? Por quê?

7- Observe a linguagem do texto.

a) Ela está, ou não, de acordo com a

norma-padrão? É formal ou informal? Justifique sua resposta com elementos do texto.

b) Nos artigos de opinião, o autor pode escrever em primeira ou terceira pessoa. Qual dessas pessoas predomina no artigo lido? Justifique com fragmentos do texto. 





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ambiguidade

  ✅ O que é Ambiguidade? A ambiguidade , também conhecida como anfibologia , ocorre quando uma frase, expressão ou palavra permite mais d...