A VOZ DOS JOVENS
A educação tem ocupado espaço de destaque nos meios de comunicação nos últimos meses. Isso ocorre não apenas por conta da realização do Enem, principal porta de entrada ao ensino superior no país. Deve-se, sobretudo, às propostas do teto dos gastos públicos e de reforma do ensino médio, que enfrentam forte resistência de diferentes setores da sociedade, em especial dos estudantes que ocuparam mais de mil estabelecimentos de ensino.
É neste contexto que reverberou nas redes sociais a fala da adolescente Ana Júlia Ribeiro, que defendeu o direito à educação e a posição contrária do movimento secundarista frente às reformas, em sessão na Assembleia Legislativa do Paraná. Apesar de nossos baixos indicadores educacionais, há muitas Anas Júlias pelo Brasil afora. Por isso, vale destacar outras iniciativas que contribuem para ampliar o repertório argumentativo de nossas crianças e jovens e comprovam que a escola pública é, sim, capaz de promover a aprendizagem.
É o caso da “Olimpíada de Língua Portuguesa - Escrevendo o Futuro”, que reuniu estudantes do ensino médio, finalistas da etapa regional no gênero artigo de opinião, todos da rede pública. Durante o encontro, além de escrever belos textos, eles debateram, com ponderação e bons argumentos, os avanços e os desafios das políticas para a garantia e a ampliação do acesso à universidade. Em um momento em que faltam diálogo e discussões qualificadas no debate público brasileiro, a fala de Ana Júlia e a dos finalistas da Olimpíada trazem pontos de vista diferentes, apoiados em estudos e dados, sobre possibilidades concretas de escolherem seus próprios projetos de vida.
Mas por que, hoje, temos jovens tão engajados? Pela primeira vez no país, há uma população oriunda de classses sociais mais amplas e diversas que se manifesta porque teve mais acesso à educação. Agora, ela quer mais. O Brasil avançou muito desde a promulgação da Constituição de 1988. Contudo, ainda há muito por fazer. São inúmeros os exemplos do nosso atraso. Avançamos em todas as modalidades de ensino, mas o buraco era e ainda é muito fundo. Somente em 2014 o Brasil conseguiu ter 61,4% dos jovens de 15 a 17 anos no ensino médio e 17,7% da população de 18 a 24 anos, no superior.
Esses números ainda são baixos, mesmo comparados aos países da América Latina. Além disso, amargamos resultados vergonhosos de qualidade, tanto nas avaliações nacionais como nas internacionais. A ausência de uma política de Estado, de um projeto de país que priorize a educação de seu povo, é um erro que trouxe graves consequências na qualificação da população. Contribuiu, de certa forma, para a permanência de enormes desigualdades sociais. Refletir sobre essa perspectiva nos ajuda a contextualizar as escolhas que o país precisa fazer diante da grave crise fiscal atual e da discussão sobre os gastos públicos. Talvez nada seja mais ideológico do que apontar caminhos e saídas com foco exclusivo na economia, ainda que ela seja fator fundamental.
Sem uma população com níveis adequados de educação, não conseguiremos ser um país desenvolvido em nenhuma das métricas internacionais. É preciso encontrar novos caminhos e cabe a nós, sociedade brasileira, traçar esse rumo. Os jovens podem e devem ser incluídos nesse debate. Será que mais uma vez cometeremos um erro histórico que poderá nos levar a sair da crise fiscal, mas deixará o país novamente na rabeira do desenvolvimento, por comprometermos o futuro de crianças e jovens? A opção está em nossas mãos
1. Em relação ao título do artigo, pode-se dizer que ele reflete o posicionamento e a tese defendida pela autora? Qual é? Justifique.
2. Considere outras passagens do artigo:
I – “Isso ocorre não apenas por
conta da realização do Enem, principal porta de entrada ao ensino superior no
país.”
II – “Apesar de nossos baixos
indicadores educacionais, há muitas Anas Júlias pelo Brasil afora.”
III – “O Brasil avançou muito
desde a promulgação da Constituição de 1988. Contudo, ainda há muito por
fazer.”
IV – “Os jovens podem e devem ser
incluídos nesse debate.
Os trechos do artigo de opinião que retomam
e reforçam o posicionamento e a tese presentes no título são:
a) I e II, apenas.
b) I, II e III, apenas.
c) I e IV, apenas.
d) II e III, apenas.
e) II e IV, apenas.
Releia os fragmentos abaixo para
responder às questões 3 e 4.
Apesar de nossos
baixos indicadores educacionais, há muitas Anas Júlias pelo Brasil afora. Por
isso, vale destacar outras iniciativas que contribuem para ampliar o
repertório argumentativo de nossas crianças e jovens e comprovam que a escola
pública é, sim, capaz de promover a aprendizagem.
É o caso da “Olimpíada de
Língua Portuguesa - Escrevendo o Futuro”, que reuniu estudantes do ensino
médio, finalistas da etapa regional no gênero artigo de opinião, todos da rede
pública.
Durante o encontro, além de
escrever belos textos, eles debateram, com ponderação e bons argumentos, os
avanços e os desafios das políticas para a garantia e a ampliação do acesso à
universidade.
3. No trecho, as locuções
conjuntivas "apesar de" e "por isso", respectivamente, sem perda de
sentido, poderiam ser substituídas por:
a) Ainda que; portanto
b) Não obstante; por essa razão
c) Mesmo com; entretanto
d) Com exceção de; por causa
disso
e) Além de; em conclusão
4. A frase “a escola pública é, sim, capaz de promover a aprendizagem” constitui
um argumento
a) de autoridade.
b) de raciocínio lógico.
c) por exemplificação.
d) por consenso.
e) por comprovação.
5. Assinale o trecho que constitui um argumento por comprovação:
a) “Deve-se, sobretudo, às
propostas do teto dos gastos públicos e de reforma do ensino médio, que
enfrentam forte resistência de diferentes setores da sociedade, em especial dos
estudantes que ocuparam mais de mil estabelecimentos de ensino.”
b) “O Brasil avançou muito desde a
promulgação da Constituição de 1988. Contudo, ainda há muito por fazer.”
c) “Somente em 2014 o Brasil
conseguiu ter 61,4% dos jovens de 15 a 17 anos no ensino médio e 17,7% da
população de 18 a 24 anos no superior.”
d) “A ausência de uma política de
Estado, de um projeto de país que priorize a educação de seu povo, é um erro que
trouxe graves consequências na qualificação da população.”
e) “Sem uma população com níveis
adequados de educação, não conseguiremos ser um país desenvolvido em nenhuma
das métricas internacionais.”
6. No trecho – “Em um momento em
que faltam diálogo e discussões qualificadas no debate público brasileiro, a
fala de Ana Júlia e a dos finalistas da Olimpíada trazem pontos de vista
diferentes, apoiados em estudos e dados, sobre possibilidades concretas de
escolherem seus próprios projetos de vida.” – o processo persuasivo utilizado é
de
a) contraposição de fatos.
b) comparação entre pessoas.
c) retificação de opiniões.
d) desqualificação dos oponentes.
e) explicitação de ideias comuns.
7. Destaque e compare as perguntas retóricas no texto. Com que finalidade foram usadas?
8. O artigo apresenta trechos na
primeira pessoa do plural. Observe esse emprego na frase: “É preciso encontrar
novos caminhos e cabe a nós, sociedade brasileira, traçar esse rumo”. Trata-se
de uma estratégia discursivo-persuasiva da autora do texto? Explique.
9. Quais as características
temáticas, estilísticas (linguísticas) e composicionais do texto que permitem
caracterizá-lo como um artigo de opinião? justifique.
Leia o artigo de opinião abaixo para responder às questões.
No lugar do outro
Estamos
vivendo uma crise intensa: a das relações humanas. Todos os dias testemunhamos
ou protagonizamos, tanto na vida presencial quanto na virtual, comportamentos e
atitudes que vão do ódio declarado ou sutil ao desdém em relação ao outro. As
relações humanas, sempre tão complexas, exigem, no entanto, delicadeza, atenção
e compromisso social. Tem sido difícil manter a saúde mental e a qualidade de
vida no contexto atual.
Crianças
e adolescentes já dão sinais claros de que têm aprendido muito com nossa dificuldade
em conviver com as diferenças e de respeitá-las; de tentar colocar-se no lugar
do outro para compreender suas posições e atitudes; de ter compaixão; de
conflitar em vez de confrontar; de agir com doçura, por exemplo. Conseguir
fazer isso é ter empatia com o outro.
Pais
e professores têm reclamado de comportamentos provocativos, desrespeitosos,
desafiadores e desobedientes dos mais novos. Entretanto, se pudéssemos nos
dedicar por alguns momentos à auto-observação, constataríamos essas
características também em nós, adultos.
Mas
são os mais novos que levam a pior nessa história: crianças e adolescentes que
desobedecem, desafiam e têm comportamentos considerados agressivos, como os
nossos, podem receber diagnósticos e orientação para tratamento. Conheço
famílias com filhos diagnosticados com "Transtorno Desafiador
Opositivo", porque têm comportamentos típicos da idade.
Há
uma grande preocupação global com a nossa atual falta de empatia. Um sinal
disso foi a inauguração, em Londres, do primeiro Museu da Empatia.
Nele,
os visitantes são convocados a experimentar/enxergar o mundo pelo olhar de um
outro -não próximo ou conhecido, mas um outro com quem eles não têm qualquer
relação. A expressão que deu sentido ao museu é a expressão inglesa "in
your shoes" (em seus sapatos), que em língua portuguesa significa "em
seu lugar".
Os
visitantes se deparam, na entrada, com uma caixa com diferentes pares de
sapatos usados. Escolhem um de seu número para calçar e recebem um áudio que
conta uma parte da história da pessoa que foi dona daquele par.
Desenvolver
a empatia é uma condição absolutamente necessária para ensiná-la aos mais
novos. Aliás, eles podem tê-la mais facilmente do que nós. Um pai me contou,
comovido, que conversava com um amigo a respeito da situação de muitos
refugiados de países em guerra e que comentou que não adiantava a busca por
outro local, já que a crise de empregos era mundial. Seu filho, de sete anos,
que estava por perto, perguntou de imediato: "Pai, se tivesse guerra aqui,
você preferiria que eu morresse?". Ele mudou de ideia.
Estacionar
o carro em vaga de idosos, grávidas e portadores de deficiência é mais do que
contravenção: é falta de empatia. Reclamar da lentidão dos velhos é mais do que
desrespeito: é falta de empatia. Agredir ostensivamente o outro por suas
posições é mais do que dificuldade em lidar com as diferenças: é falta de
empatia.
Do
mesmo modo, reclamar do comportamento dos mais novos é falta de empatia.
A empatia pode provocar uma grande mudança social, diz
Roman Krznari, estudioso do tema. Vamos desenvolvê-la para ensiná-la?
ROSELY SAYÃO
10 - Os textos de opinião costumam apresentar o tema e o ponto de vista do autor nos primeiros parágrafos.
a) Qual é a afirmação feita no início, em torno da qual a autora desenvolve o texto?
b) O fenômeno apontado no 1º parágrafo diz respeito a um termo do âmbito da psicologia apresentado pela autora no 2º parágrafo. Qual é esse termo? A que ele corresponde?
c) Em que consiste o fenômeno apontado pela autora? Como ele se manifesta? Dê exemplos extraídos no texto.
11- De acordo com o texto, a falta de empatia é um problema específico das crianças e dos jovens? Justifique sua resposta com elementos do texto.
12- Um texto argumentativo pode ser desenvolvido com exemplos, citações, comparações, dados estatísticos, etc. No 5º, no 6º e no 7º parágrafos, a autora comenta o Museu da Empatia, em Londres.
a) Que efeito a referência à inauguração desse museu traz para a argumentação da autora?
b) Com que finalidade o museu convida os visitantes a calçar sapatos de outras pessoas e a ouvir a história delas?
13- Releia este trecho do texto:
"Desenvolver a empatia é uma condição absolutamente necessária para ensiná-la aos mais novos. Aliás, eles podem tê-la mais facilmente do que nós."
a) Por que, segundo a autora, é necessário que os adultos desenvolvam e exercitem a empatia?
b) Você concorda com o ponto de vista da autora de que as pessoas mais jovens podem ter empatia mais facilmente do que os adultos? Por quê?
14- No 9º parágrafo, para ilustrar com mais um exemplo seu ponto de vista, Rosely Sayão cita o relato de um pai que fez um comentário sobre os refugiados de guerra e provocou uma reação inesperada do filho.
a) Por que o pai mudou de ideia, depois do comentário do filho?
b) Nessa situação, o filho demonstrou ter mais empatia do que o pai? Por quê?
15- A estrutura de um artigo de opinião não é rígida, mas normalmente é apresentada a ideia principal do texto no 1º ou no 2º parágrafo, há um desenvolvimento, com dois ou três parágrafos, e um parágrafo final como conclusão.
a) No artigo de opinião lido, qual é a ideia principal presente na conclusão?
b) A pergunta "Vamos desenvolvê-la para ensiná-la?" é dirigida a quem? Por quê?
16- Observe a linguagem do texto.
a) Ela está, ou não, de acordo com a norma-padrão? É formal ou informal? Justifique sua resposta com elementos do texto.
b) Nos artigos de opinião, o autor pode escrever em primeira ou terceira pessoa. Qual dessas pessoas predomina no artigo lido? Justifique com fragmentos do texto.
Leia os textos abaixo para responder ao que se pede.
Texto I
3ª Do Plural
Corrida
pra vender cigarro
Cigarro pra vender remédio
Remédio pra curar a tosse
Tossir, cuspir, jogar pra fora
Corrida
pra vender os carros
Pneu, cerveja e gasolina
Cabeça pra usar boné
E professar a fé de quem patrocina
Eles
querem te vender
Eles querem te comprar
Querem te matar (de rir)
Querem te fazer chorar
Quem
são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Corrida
contra o relógio
Silicone contra a gravidade
Dedo no gatilho, velocidade
Quem mente antes diz a verdade
Satisfação
garantida
Obsolescência programada
Eles ganham a corrida
Antes mesmo da largada
Eles
querem te vender
Eles querem te comprar
Querem te matar (a sede)
Eles querem te sedar
(refrão)
Vender,
comprar, vendar os olhos
Jogar a rede... contra a parede
Querem te deixar com sede
Não querem te deixar pensar
Engenheiros do Hawaii
Texto II
Admirável Chip Novo
Pane
no sistema, alguém me desconfigurou
Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo
Parafuso
e fluido em lugar de articulação
Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico, é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado
Mas lá vem eles novamente, eu sei o que vão fazer
Reinstalar o sistema
Pense,
fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste, viva
Pense,
fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Não,
senhor, sim, senhor
Não, senhor, sim, senhor
Pitty
17- Qual é a temática em comum aos dois textos?
18- Em que sentido vai a argumentação dos dois textos?
19- Redija um parágrafo argumentativo em 3ª pessoa acerca da temática abordada nas letras. Use ao menos um verso delas como repertório sociocultural para a sua argumentação. (6 a 8 linhas).
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