domingo, 29 de maio de 2022

Crônica

Exercício 1

Leia o texto abaixo para responder às questões:

Crônica - Engenheiros do Hawaii

Já não passa nenhum carro por aqui
Já não passa nenhum filme na TV
Você enrola outro cigarro por aí
E não dá bola pro que vai acontecer

Mais um pouco e mais um século termina
Mais um louco pede troco na esquina
Tudo isso já faz parte da rotina
E a rotina já faz parte de você

Que tem ideias tão modernas
E é o mesmo homem que vivia nas cavernas

Você, que tem ideias tão modernas
É o mesmo homem que vivia nas cavernas

Todo mundo já tomou a Coca-Cola
A Coca-Cola já tomou conta da China
Todo cara luta por uma menina
E a Palestina luta pra sobreviver

E a cidade cada vez mais violenta
(Tipo Chicago nos anos quarenta)
E você, cada vez mais violento
No seu apartamento ninguém fala com você

Que tem ideias tão modernas
E é o mesmo homem que vivia nas cavernas

Você, que tem ideias tão modernas
É o mesmo homem que vivia nas cavernas


Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=m-bAGalXHvQ


a) Em sua opinião, por que o autor do texto escolheu o título “Crônica”? Justifique sua resposta com fragmentos do texto. (3 a 5 linhas de resposta)


b) O texto é de caráter argumentativo, pois visa defender um ou mais pontos de vista. Qual ou quais pontos de argumentação são levantados no texto? Justifique sua resposta com fragmentos. (3 a 5 linhas de resposta)


c) Qual verso da canção mais lhe chamou a atenção? Por quê? (3 a 5 linhas de resposta)



Exercício 2

Leia o texto abaixo para responder às questões:

O lixo - Luís Fernando Veríssimo

 Encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo.

É a primeira vez que se falam.

-- Bom dia...

-- Bom dia.

-- A senhora é do 610.

-- E o senhor do 612

-- É.

-- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...

-- Pois é...

-- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...

-- O meu quê?

-- O seu lixo.

-- Ah...

-- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...

-- Na verdade sou só eu.

-- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.

-- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...

-- Entendo.

-- A senhora também...

-- Me chame de você.

-- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim...

-- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às vezes sobra...

-- A senhora... Você não tem família?

-- Tenho, mas não aqui.

-- No Espírito Santo.

-- Como é que você sabe?

-- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.

-- É. Mamãe escreve todas as semanas.

-- Ela é professora?

-- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?

-- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.

-- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.

-- Pois é...

-- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.

-- É.

-- Más notícias?

-- Meu pai. Morreu.

-- Sinto muito.

-- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.

-- Foi por isso que você recomeçou a fumar?

-- Como é que você sabe?

-- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.

-- É verdade. Mas consegui parar outra vez.

-- Eu, graças a Deus, nunca fumei.

-- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo...

-- Tranquilizantes. Foi uma fase. Já passou.

-- Você brigou com o namorado, certo?

-- Isso você também descobriu no lixo?

-- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora.

Depois, muito lenço de papel.

-- É, chorei bastante, mas já passou.

-- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...

-- É que eu estou com um pouco de coriza.

-- Ah.

-- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.

-- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.

-- Namorada?

-- Não.

-- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.

-- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.

-- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.

-- Você já está analisando o meu lixo!

-- Não posso negar que o seu lixo me interessou.

-- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.

-- Não! Você viu meus poemas?

-- Vi e gostei muito.

-- Mas são muito ruins!

-- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.

-- Se eu soubesse que você ia ler...

-- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?

-- Acho que não. Lixo é domínio público.

-- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?

-- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...

-- Ontem, no seu lixo...

-- O quê?

-- Me enganei, ou eram cascas de camarão?

-- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.

-- Eu adoro camarão.

-- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...

-- Jantar juntos?

-- É.

-- Não quero dar trabalho.

-- Trabalho nenhum.

-- Vai sujar a sua cozinha?

-- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.

-- No seu lixo ou no meu?


a) Qual é o fato do dia a dia que serve de tema para a crônica lida? Justifique (2 a 4 linhas de resposta)


b) Dependendo do cronista e do tema, as cônicas podem divertir, denunciar, alertar, sensibilizar, humanizar, promover reflexões críticas acerca do mundo, etc. Que efeito a crônica lida produz nos leitores? (2 a 4 linhas de resposta)


c) Como se caracteriza a linguagem da crônica lida? Justifique (2 a 4 linhas de resposta)


d) O texto em questão pode ser considerado um exemplo de crônica narrativa ou argumentativa? Comente. (2 a 4 linhas de resposta)


e) Na sua opinião por que uma das personagens afirma que o lixo é um lugar comunitário e social? (2 a 4 linhas de resposta)


f) Todo o diálogo revela uma característica muito comum entre os habitantes das grandes cidades. Na sua opinião, qual característica é essa? (2 a 4 linhas de resposta)


Exercício 3

Leia a crônica abaixo e comente sobre seus aspectos de gênero e semânticos.

O homem trocado

            O homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de recuperação. Há uma enfermeira do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem.

– Tudo perfeito – diz a enfermeira, sorrindo.

– Eu estava com medo desta operação…

– Por quê? Não havia risco nenhum.

– Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos…

E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que esta não soubera explicar o nascimento de um bebê chinês.

– E o meu nome? Outro engano.

– Seu nome não é Lírio?

– Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório e…

Os enganos se sucediam. Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não fazia. Fizera o vestibular com sucesso, mas não conseguira entrar na universidade. O computador se enganara, seu nome não apareceu na lista.

– Há anos que a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mês passado tive que pagar mais de R$ 3 mil.

– O senhor não faz chamadas interurbanas?

– Eu não tenho telefone!

Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram felizes.

– Por quê?

– Ela me enganava.

Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que não fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer:

– O senhor está desenganado.

Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma simples apendicite.

– Se você diz que a operação foi bem…

A enfermeira parou de sorrir.

– Apendicite? – perguntou, hesitante.

– É. A operação era para tirar o apêndice.

– Não era para trocar de sexo?

Luís Fernando Veríssimo







domingo, 1 de maio de 2022

Notícia

 Exercício 1

Jovem é morto por policiais no interior de SP após reclamação de barulho

Polícia Militar abriu inquéritos para apurar as circunstâncias da morte do tratorista Luis Fernando de Camargo, 18, em Laranjal Paulista (cidade a 159 km de São Paulo). Ele morreu após ser atingido por três tiros disparados por PMs no último domingo (13), no distrito de Laras. Ele morreu no último domingo (13) depois ter sido atingido por tiros no pescoço, na barriga e na perna que foram disparados por PMs. Os agentes participavam de uma ação de perturbação de sossego no distrito de Laras. Os PMs envolvidos foram afastados, segundo a SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública) do estado.

Segundo policiais, o primeiro dos disparos foi efetuado de forma "involuntária". O segundo teria sido em "legítima defesa de terceiros". As informações constam do boletim de ocorrência registrado na DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Botucatu, segundo o delegado Geraldo Franco Pires, responsável pelo caso. O documento não faz referência ao terceiro tiro. O delegado diz que a versão dada pelos policiais foi de resistência à prisão, mas que nos próximos dias pretende ouvir moradores de Laras e familiares de Camargo.

Vídeos gravados por moradores mostram momentos de desespero de familiares e amigos no instante em que o tratorista recebeu os tiros. A operação policial começou com uma denúncia de que estaria havendo tráfico de drogas no largo São Sebastião, na região central do distrito. A viatura constatou, no entanto, que se tratava apenas de perturbação de sossego e pediu para que o dono do bar onde um grupo bebia e conversava, diminuísse o volume da música. Isso foi feito e a viatura se afastou. Minutos depois, no entanto, o volume da música voltou a subir e a patrulha voltou. Segundo moradores, a abordagem da PM começou a ficar violenta. Eles contam que um rapaz acabou sendo imobilizado para ser colocado na viatura.

O pai de Luis Fernando saiu em defesa do rapaz que estava sendo imobilizado e teria sido agredido pelos policiais, segundo as testemunhas. Numa tentativa de proteger o pai, Luis Fernando entrou na confusão.

Uma das gravações mostra um policial com a arma em punho e, a alguns metros de distância, uma pessoa algemada. Um segundo policial aparece no vídeo tentando afastar os moradores com spray de pimenta. Com isso, as pessoas presentes no local se assustam. O policial armado, se volta então, diretamente para a confusão.

Em seguida é possível ouvir três tiros sendo disparados. O corpo de Luis Fernando já aparece no chão.

Segundo a PM, ele chegou a ser levado ao hospital de Laranjal Paulista, mas não resistiu e morreu. A irmã de Luis Fernando, Elis Daiane de Carmargo, 20, deu uma versão diferente da apresentada pelos policiais, segundo a qual o rapaz teria tentado tirar a arma das mãos do agente. "Meu pai foi conversar com o policial para que não levassem o menino. Então, os policiais atiraram bombas em meus pais; spray de pimenta", disse Elis. "Meu irmão foi para cima da polícia, mas sem nada nas mãos. E nem tentou tirar a arma dele. Foi só proteger meu pai", relata ela. O rapaz que estava sendo imobilizado acabou preso. Ao perceberam que Luis Fernando havia sido atingido pelos tiros, moradores se voltaram contra a viatura de polícia, que deixou o local às pressas.

Um abaixo-assinado está sendo elaborado entre os moradores e será levado à Justiça, com pedido de exoneração do PM que atirou. No domingo (20), quando completa uma semana da morte, os moradores planejam fazer uma manifestação contra a violência policial. "Eu fiquei inconformado com essa situação", disse o porteiro Lucas Bento de Carmargo, primo de Luis Fernando, e que começou a campanha pela coleta de assinaturas. Segundo ele, os moradores do distrito estão assustados com a violência policial.

Em nota, a SSP informou que todas as circunstâncias relacionadas aos fatos estão sendo apuradas por meio de inquérito policial instaurado pela DIG. Diz ainda, que os policiais envolvidos na ocorrência foram afastados do serviço operacional e as armas foram encaminhadas à perícia. Segundo a secretaria, a Polícia Militar também investiga o caso por meio de um inquérito, que está sendo acompanhado pela Corregedoria.

Tote Nunes

Folha de São Paulo

 

Responda:

1) Que fato é noticiado?

2) Quando ele aconteceu?

3) Em que lugar aconteceu?

4) Por que aconteceu?

5) Como aconteceu?

6) Na notícia lida, que outras vozes é possível identificar?

7) Essas vozes aparecem na forma de discurso direto ou indireto?

8) Em que tempo predominantemente estão as formas verbais no texto?

9) O que justifica o emprego dessas formas verbais?

10) Levante hipóteses: por que os verbos dos títulos de notícias normalmente são empregados nesse tempo?

11) Haveria possibilidade de o presente também ser utilizado no corpo da notícia lida? Se sim, em que circunstâncias?

12) É possível perceber um posicionamento do jornalista em relação ao fato noticiado? Se sim, qual?

13) Por meio de quais palavras ou expressões é possível inferir esse posicionamento?

14) A linguagem está de acordo com a norma culta? Dê exemplos do texto.

15) A linguagem da notícia é formal ou informal? Comente.


Exercício 2

Considere-se no papel de um jornalista que cobre o dia a dia da cidade. Transforme o poema abaixo em uma pequena notícia. Crie um título e inclua ao menos um depoimento. Seja imparcial. (8 a 10 linhas)

Poema tirado de uma notícia de jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira: poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.


Exercício 3

Dezenas de pinguins são encontrados mortos em praias de Florianópolis

No total, 70 animais morreram, sendo que a causa mais provável é asfixia/afogamento. Uma ave foi resgatada com vida e levada para reabilitação. Setenta pinguins-de-Magalhães foram encontrados mortos e um ainda vivo entre as praias do Santinho e Moçambique, em Florianópolis, no sábado (27). As aves passam por necropsia neste domingo (28), mas a causa provável da morte é asfixia/ afogamento, informou a Associação R3 Animal, que executa o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). As aves apresentavam marcas nas nadadeiras que sugerem interação com instrumentos de pesca, disse a R3 Animal. Na Praia do Moçambique foram encontrados 59 pinguins mortos e um que estava vivo. Na Praia do Santinho, foram 11 aves mortas, uma delas com um pedaço de rede de pesca preso ao corpo. Os animais foram resgatados pela associação: o sobrevivente foi encaminhado para reabilitação e os mortos, para necropsia no Centro de Pesquisa, Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos, no Parque Estadual do Rio Vermelho, na capital catarinense. Segundo a médica veterinária Janaína Rocha Lorenço, as análises mostram que os pinguins podem ter ficado presos em itens de pescaria, porque foram detectados apteria em aletas (falha de penas nos membros torácicos), congestão generalizada e miopatia de captura (alterações fisiológicas desencadeadas no corpo por terem ficado tentando se soltar por bastante tempo). Por serem aves, os pinguins estão sujeitos a morrerem afogados. Conforme a R3 Animal, a chamada captura incidental é uma das grandes causas de morte de animais marinhos - ainda que não sejam alvo de pescaria, eles acabam capturados e morrem. Nesta época do ano é comum a chegada de pinguins no Litoral catarinense, porque é o período de migração das aves vindas da Patagônia, informou o Projeto de Monitoramento.

Responda: 

 a) Qual o assunto está sendo noticiado? 

b) Em que local o fato ocorreu? 

c) O que motivou o acontecimento dos fatos? 

d) Qual a linguagem utilizada na notícia? 

e) Identifique no texto as principais características do gênero notícia. 

f) Identifique no texto 4 (quatro) verbos que estão na 3° pessoa. 

g) Por que no gênero notícia é utilizado o verbo na 3° pessoa?

Texto narrativo

Exercício 1 

Analise o texto abaixo e identifique todos os elementos que constituem a narrativa.

FAROESTE CABOCLO - Renato Russo

Não tinha medo o tal João de Santo Cristo
Era o que todos diziam quando ele se perdeu
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu

Quando criança só pensava em ser bandido
Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu
Era o terror da cercania onde morava
E na escola até o professor com ele aprendeu
Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar

Sentia mesmo que era mesmo diferente
Sentia que aquilo ali não era o seu lugar
Ele queria sair para ver o mar
E as coisas que ele via na televisão
Juntou dinheiro para poder viajar
De escolha própria escolheu a solidão

Comia todas as menininhas da cidade
De tanto brincar de médico aos doze era professor
Aos quinze foi mandado pro reformatório
Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror
Não entendia como a vida funcionava
Descriminação por causa da sua classe e sua cor
Ficou cansado de tentar achar resposta
E comprou uma passagem foi direto a Salvador

E lá chegando foi tomar um cafezinho
E encontrou um boiadeiro com quem foi falar
E o boiadeiro tinha uma passagem
Ia perder a viagem mas João foi lhe salvar
Dizia ele - Estou indo pra Brasília
Nesse país lugar melhor não há
Tô precisando visitar a minha filha
Eu fico aqui e você vai no meu lugar

E João aceitou sua proposta
E num ônibus entrou no Planalto central
Ele ficou bestificado com a cidade
Saindo da rodoviária viu as luzes de natal
Meu Deus mas que cidade linda!
No Ano Novo eu começo a trabalhar
Cortar madeira aprendiz de carpinteiro
Ganhava cem mil por mês em Taguatinga

Na sexta feira ia pra zona da cidade
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador
E conhecia muita gente interessante
Até um neto bastardo do seu bisavô
Um peruano que vivia na Bolívia
E muitas coisas trazia de lá
Seu nome era Pablo e ele dizia
Que um negócio ele ia começar
E Santo Cristo até a morte trabalhava
Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar
E ouvia às sete horas o noticiário
Que sempre dizia que seu ministro ia ajudar

Mas ele não queria mais conversa
E decidiu que como Pablo ele iria se virar
Elaborou mais uma vez seu plano santo
E sem ser crucificado a plantação foi começar
Logo, logo os maluco da cidade
Souberam da novidade
Tem bagulho bom aí!

E o João de Santo Cristo ficou rico
E acabou com todos os traficantes dali
Fez amigos, frequentava a Asa Norte
Ia pra festa de Rock pra se libertar

Mas de repente
Sob uma má influência dos boyzinhos da cidade
Começou a roubar
Já no primeiro roubo ele dançou
E pro inferno ele foi pela primeira vez
Violência e estupro do seu corpo
Vocês vão ver, eu vou pegar vocês!

Agora Santo Cristo era bandido
Destemido e temido no Distrito Federal
Não tinha nenhum medo de polícia
Capitão ou traficante, playboy ou general
Foi quando conheceu uma menina
E de todos os seus pecados ele se arrependeu
Maria Lúcia era uma menina linda
E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu

Ele dizia que queria se casar
E carpinteiro ele voltou a ser
Maria Lúcia pra sempre vou te amar
E um filho com você eu quero ter

O tempo passa
E um dia vem na porta um senhor de alta classe com
Dinheiro na mão
E ele faz uma proposta indecorosa
E diz que espera uma resposta, uma resposta de João
Não boto bomba em banca de jornal

Nem em colégio de criança
Isso eu não faço não
E não protejo general de dez estrelas
Que fica atrás da mesa com o cu na mão
E é melhor o senhor sair da minha casa
E nunca brinque com um peixes de ascendente escorpião
Mas antes de sair com ódio no olhar
O velho disse
Você perdeu a sua vida, meu irmão!
Você perdeu a sua vida, meu irmão!
Você perdeu a sua vida, meu irmão!
Essas palavras vão entrar no coração
Eu vou sofrer as consequências como um cão

Não é que o Santo Cristo estava certo
Seu futuro era incerto
E ele não foi trabalhar
Se embebedou e no meio da bebedeira
Descobriu que tinha outro trabalhando em seu lugar

Falou com Pablo que queria um parceiro
Que também tinha dinheiro e queria se armar
Pablo trazia o contrabando da Bolívia
E Santo Cristo revendia em Planaltina

Mas acontece que um tal de Jeremias
Traficante de renome apareceu por lá
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo
E decidiu que com João ele ia acabar

Mas Pablo trouxe uma Winchester 22
E Santo Cristo já sabia atirar
E decidiu usar a arma só depois
Que Jeremias começasse a brigar

Jeremias maconheiro sem vergonha
Organizou a Rockonha e fez todo mundo dançar
Desvirginava mocinhas inocentes
E dizia que era crente mas não sabia rezar
E Santo Cristo há muito não ia pra casa
E a saudade começou a apertar

Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia
Já está em tempo de a gente se casar
Chegando em casa então ele chorou
E pro inferno ele foi pela segunda vez
Com Maria Lúcia Jeremias se casou
E um filho nela ele fez

Santo Cristo era só ódio por dentro
E então o Jeremias pra um duelo ele chamou
Amanhã, as duas horas na Ceilândia
Em frente ao lote catorze é pra lá que eu vou
E você pode escolher as suas armas

Que eu acabo mesmo com você, seu porco traidor
E mato também Maria Lúcia
Aquela menina falsa pra quem jurei o meu amor

E Santo Cristo não sabia o que fazer
Quando viu o repórter da televisão
Que deu notícia do duelo na Tv
Dizendo a hora o local e a razão

No sábado, então as duas horas
Todo o povo sem demora
Foi lá só pra assistir
Um homem que atirava pelas costas
E acertou o Santo Cristo
E começou a sorrir

Sentindo o sangue na garganta
João olhou pras bandeirinhas
E o povo a aplaudir
E olhou pro sorveteiro
E pras câmeras e a gente da Tv filmava tudo ali

E se lembrou de quando era uma criança
E de tudo o que vivera até ali
E decidiu entrar de vez naquela dança
Se a Via-Crucis virou circo, estou aqui

E nisso o sol cegou seus olhos
E então Maria Lúcia ele reconheceu
Ela trazia a Winchester 22
A arma que seu primo Pablo lhe deu

Jeremias, eu sou homem. Coisa que você não é
E não atiro pelas costas, não
Olha prá cá filho da puta sem vergonha
Dá uma olhada no meu sangue
E vem sentir o teu perdão

E Santo Cristo com a Winchester 22
Deu cinco tiros no bandido traidor
Maria Lúcia se arrependeu depois
E morreu junto com João, seu protetor

O povo declarava que João de Santo Cristo
Era santo porque sabia morrer
E a alta burguesia da cidade não acreditou na história
Que eles viram da Tv

E João não conseguiu o que queria
Quando veio pra Brasília com o diabo ter
Ele queria era falar com o presidente
Pra ajudar toda essa gente que só faz 
Sofrer!!


a) Quem são os personagens? (Protagonista, antagonista e secundários)

b) Onde se desenvolvem os fatos narrados? (Espaço)

c) Quando a narrativa acontece? (Tempo)

d) Qual é o foco narrativo? (Perfil do narrador)


Exercício 2

UM APÓLOGO – Machado de Assis

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:

- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?

- Deixe-me, senhora.

- Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.

- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.

- Mas você é orgulhosa.

- Decerto que sou.

- Mas por quê?

- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?

- Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?

- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...

- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando...

- Também os batedores vão adiante do imperador.

- Você é imperador?

- Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...

Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana - para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima.

A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.

Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:

- Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.

Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: - Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

 

a) Quais são os personagens principais do apólogo e como eles são caracterizados? (2 a 3 linhas de resposta)

b) Em que época e onde se passa essa história? O que ajuda o leitor a identificar o tempo e o espaço da narrativa? (3 a 4 linhas de resposta)

c) Identifique o conflito e o clímax da história. (3 a 4 linhas de resposta)

d) A relação que existe entre a agulha e o novelo de linha pode ser comparada à da costureira e da baronesa. Que relação é essa? Comente. (5 linhas de resposta)

e) Na sua opinião, o que significa “linha ordinária”, na fala do professor de melancolia? (3 a 5 linhas de resposta)

f) Que lição se pode tirar desse apólogo? (3 a 5 linhas de resposta)

g) Que aspectos da vida humana o apólogo ilustra? (3 a 5 linhas de resposta)


Exercício 3

Leia o texto a seguir, observando a presença e a convivência de vários discursos:

    O sinal ficou vermelho e lá se foi o menino jornaleiro cantar a manchete do jornal:

    - Vinte e dois adultos enganados por um menino!  Uma criança engana vinte e dois adultos!

    Um motorista abaixa o vidro, puxa o dinheiro e pede ao menino que, por favor, lhe dê um jornal. Ao ler a primeira página, percebe que foi enganado: o jornal era de um ano atrás. Ficou furioso, mas justamente naquele momento o sinal abriu.

    O sujeito ainda teve tempo de olhar pelo retrovisor e viu o menino gritando:

    - vinte e três pessoas enganadas por um menino! Uma criança engana vinte e três adultos!

Neste texto notamos a presença de três vozes, ou três discursos: a do narrador, a do menino jornaleiro e a do motorista. Quando se trata da voz do menino, suas falas são reproduzidas integralmente. Identifique essas falas e o sinal de pontuação utilizado para introduzi-las.


Exercício 4

Observe o trecho:

“Um motorista abaixa o vidro, puxa o dinheiro e pede ao menino que, por favor, lhe dê um jornal.”

No trecho, a voz do personagem não aparece integralmente. O narrador é quem conta como foi o diálogo. Reescreva na forma direta a frase dita pelo motorista, isto é, do modo como ele provavelmente a disse naquela situação.


Exercício 5

Indique o tipo de discurso (direto ou indireto), empregados nos textos abaixo:

a) Quando o pai chegou, perguntou à mulher quem quebrara o vidro e a mulher disse que foi o Pedrinho.

b) Ele prometeu experimentar, mas só se eu ficasse vigiando; eu disse que vigiaria, mas ele disse que só começava depois que eu jurasse. Não vi mal nenhum disse que jurava.

c) - Alô, é do manicômio?

    - Não, senhor, deve ter havido algum engano, nosso telefone só vai ser instalado na próxima semana.

d) Jesus Cristo disse “Nem só de pão viverá o homem” (mateus, cap. 4).


Exercício 6

Passe no seu caderno as orações abaixo do discurso indireto para o discurso DIRETO:

a) O delegado afirmou que suspeitava de todos.

b) A esposa confirmou que seu marido tinha estado em casa na noite anterior.

c) O rapaz garantiu que levaria as compras para a mãe daqui a pouco.

d) O vizinho disse-lhe que não queria que ele viesse mais ali, em sua casa.


Exercício 7

Passe no seu caderno as orações abaixo do discurso direto para o discurso INDIRETO:

a) O pai gritou: - Quero saber quem fez essa bagunça aqui na sala?

b) A vendedora perguntou: - Precisa de ajuda, senhora?

c) A cliente respondeu: - Não preciso de ajuda, estou só de passagem.

d) A mãe ordenou: - Pare de questionar, menino, e faça rápido o que eu lhe pedi.


Exercício 8

Leia o texto abaixo para responder ao que se pede:

RIVALIDADE ARGENTINA 

           Estavam certa vez, o americano, o argentino e o brasileiro, na China, bebendo umas e outras em praça pública, isso é proibido, não é? Não sei. Sim, era coisa que é proibida nesse país.

           Foram presos e levados ao juiz. O juiz condenou que cada um levaria 20 chibatadas.

           Como era transição entre o ano do galo e o tigre, tinham direito, isso todos os prisioneiros, a um pedido, desde que não fosse escapar da punição.

          O juiz falou: "Americano, vocês são um povinho metido a besta, prepotentes, acham que são os donos do mundo, mas mesmo assim lhe concedo o pedido, pode pedir".

           O americano fala: "Amarrem um travesseiro nas minhas costas".

           Lá pela décima chibatada, o travesseiro rompe e ele acaba levando mais 10 chibatadas no couro limpo.

          Para o argentino o juiz disse "Argentino, vocês sim são um povo cheio de marra, êta gente chata, como vocês nunca vi, mas vou ter de lhe conceder o pedido".

         "Amarrem 2 travesseiros nas minhas costas". Diz o argentino. Depois da 15ª chibatada os travesseiros não aguentam a força das chibatadas e acaba levando 5 chibatadas sem qualquer proteção.

          Chega a vez do brasileiro. Diz o juiz” vocês são um povo exemplar, povo sofrido, vive na miséria, trabalha e mesmo assim mantém o bom-humor, ao invés de um pedido, vou quebrar o protocolo e lhe favorecer a dois pedidos. Pode pedir.”

          O brasileiro fala: "Não quero levar 20 chibatadas e sim 200". O juiz se espantou, mas tudo bem, o cara era brasileiro. E pergunta: "Qual é o 2º pedido?"

          "Amarrem o argentino nas minhas costas."

Texto adaptado

a)    Que tipo de texto é esse que acabamos de ler?

b)    Sobre o que ele trata?

c)    Quantas vozes aparecem neste texto?

d)    O que o autor do texto usou para representar as falas dos personagens na maior parte do texto?

e)    Quais sinais de pontuação foram usados para indicar o tipo de discurso predominante?

f)     Encontre no texto um fragmento em que ocorre a presença do discurso indireto-livre.


Exercício 9

Leia o texto abaixo e responda às perguntas:

No hospício, o doido telefona para o corpo de bombeiros e avisa:

- Tá pegando fogo no hospício.

Rapidamente os bombeiros chegam ao local:

- Onde é o fogo?

O doido:

- Vocês vieram tão rápido que ainda nem deu tempo de botar.

a)    Que tipo de discurso predomina no texto acima?

b)    Quais sinais de pontuação usados para representar esse discurso?

c)    Passe todo o texto para o discurso indireto.


Exercício 10

Leia o texto abaixo e depois assinale V para verdadeiro e F para falso nas afirmações:

O HOMEM TROCADO

O homem acorda da anestesia e olha em volta, ainda estou na sala de recuperação? Há uma enfermeira do seu lado, será que foi tube bem comigo?

- Tudo perfeito - diz a enfermeira, sorrindo.

- Eu estava com medo desta operação...

- Por quê? Não havia risco nenhum.

- Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos...

E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que esta não soubera explicar o nascimento de um bebê chinês. Meu nome também é outro engano.

- Seu nome não é Lírio?

- Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório e...

Os enganos se sucediam. Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não fazia. Fizera o vestibular com sucesso, mas não conseguira entrar na universidade. O computador se enganara, seu nome não apareceu na lista.

- Há anos que a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mês passado tive que pagar mais de R$ 3 mil.

- O senhor não faz chamadas interurbanas?

- Eu não tenho telefone!

Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram felizes.

- Por quê?

- Ela me enganava.

Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que não fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer:

- O senhor está desenganado.

Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma simples apendicite.

- Se você diz que a operação foi bem...

A enfermeira parou de sorrir.

- Apendicite? - perguntou hesitante.

- É. A operação era para tirar o apêndice.

- Não era para trocar de sexo?          

Luís Fernando Veríssimo - Adaptado

(   ) Tudo na vida desse personagem só acontecia o contrário, ou seja, coisas que não eram para acontecer.

(   ) Esse texto apresenta a voz do narrador, do paciente e da enfermeira.

(   ) Em maior parte o texto, ele é estruturado no discurso indireto.

(   ) Para indicar o discurso direto o autor do texto utiliza-se das aspas e vírgulas.

(   ) A única coisa que deu certo na vida desse sujeito foi a sua operação, que ocorreu tudo como ele queria.

(   ) No texto, há fragmentos em que aparece o discurso indireto-livre. 


Exercício 11

Leia o conto abaixo para atender à proposta.


AMOR DE LONGO ALCANCE

 

Durante anos, separados pelo destino, amaram-se a distância. Sem que um soubesse o paradeiro do outro, procuravam-se através dos continentes, cruzavam pontes e oceanos, vasculhavam vielas, indagavam. Bússola da longa busca, levavam a lembrança de um rosto sempre mutante, em que o desejo, incessantemente, redesenhava os traços apagados do tempo.

Já quase nada havia em comum entre aqueles rostos e a realidade, quando, enfim, numa praça se encontraram. Juntos, podiam agora viver a vida com que sempre haviam sonhado.

Porém cedo descobriram que a força do seu passado amor era insuperável. Depois de tantos anos de afastamento, não podiam viver senão separados, apaixonadamente desejando-se. E, entre risos e lágrimas, despediram-se, indo morar em cidades distantes.

 

Marina Colasanti

 

Narre uma história em que você assume o papel de uma das personagens desse conto. Em sua narrativa você precisa apresentar um justificativa para o fim do relacionamento. O que aconteceu no segundo encontro? Por que foi melhor manter viva a lembrança?


Exercício 12

Leia o texto abaixo para responder às questões.

Era um garoto...

Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo sempre a cantar
As coisas lindas da América

Não era belo, mas mesmo assim
Havia mil garotas a fim
Cantava Help and Ticket To Ride
Oh Lady Jane e Yesterday

Cantava viva à liberdade
Mas uma carta, sem esperar
Da sua guitarra o separou
Fora chamado na América

Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã
Lutar com Vietcongs

Ratá-tá tá tá, tatá-rá tá tá
Ratá-tá tá tá, tatá-rá tá tá
Ratá-tá tá tá, tatá-rá tá tá
Ratá-tá tá tá

Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones
Girava o mundo, mas acabou
Fazendo a guerra no Vietnã

Cabelos longos não usa mais
Não toca a sua guitarra, e sim
Um instrumento que sempre dá
A mesma nota, ra-tá-tá-tá

Não tem amigos, não vê garotas
Só gente morta caindo ao chão
Ao seu país não voltará
Pois está morto no Vietnã

Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs
No peito, um coração não há
Mas duas medalhas sim

Ratá-tá tá tá, tatá-rá tá tá
Ratá-tá tá tá, tatá-rá tá tá
Ratá-tá tá tá, tatá-rá tá tá
Ratá-tá tá tá

Engenheiros do Hawaii


a) Evidencie as fases da narrativa presentes nesse texto.

b) Redija uma análise crítica do texto. 


Leia o texto abaixo para responder às questões:


Em dezembro 

“Em dezembro mangas maduras eram vistas da janela – mas antes disso já tínhamos comido muita manga verde com sal, tirado escondido da cozinha. [...]

— Quem comeu manga verde? Vamos, confessa, já. Nenhum confessava: os dois de castigo.

Mostrei para Neusa a manga amoitada no capim: começava a amarelar. Ela cheirou, apertou contra o rosto, me pediu.

— Dou um pedaço.

— Quero a manga inteira.

— A manga inteira não. Um pedaço. [...]

— A manga inteira ou nada.

— Então nada.

Quando entrei na cozinha, Vovó estava me esperando:

— Pode ir direto para o quarto, já sei de tudo. Fiquei fechado de castigo até a hora da janta.

— Se tornar a comer manga verde, da próxima vez vai apanhar é de vara, ouviu?

Quem apanhou de vara foi Neusa. Cerquei-a no fundo do quintal com uma vara:

— Você enredou, agora vai pagar. [...]

Ela pediu pelo amor de Deus. Perguntei se ela gostava de mim. Ela disse que gostava. Pedi para ela dizer: ‘Eu te amo.’ Ela disse. [...] Eu falei que era mentira, que ela gostava é de Marcelo. Então ela disse que era mentira mesmo, que tinha é nojo de mim, e eu desci uma varada nas pernas dela. Em vez de correr, ela ficou parada, encolhida contra o muro [...].

— Pede perdão, senão eu bato de novo! [...]

Ameacei com a vara, mas ela só chorava. Então bati de novo, e dessa vez ela nem se mexeu, como se não tivesse sentido dor. Foi andando em direção a casa, e eu fiquei parado, vendo-a afastar-se. [...]

Ao voltar para casa, deixei três moranguinhos na mesinha do quarto onde ela, deitada, havia adormecido.

No dia seguinte recebi uma caixinha embrulhada — dentro os três moranguinhos e um bilhete: ‘Eu gostava é de você mesmo, mas agora nunca mais’.”

 

VILELA, Luiz. Contos da infância e da adolescência. São

Paulo: Ática, 2001.


13 - O texto acima é o fragmento de um conto narrado em (?). O narrador é o (?), isto é, a personagem principal da história: ele participa ativamente dos acontecimentos e é de seu ponto de vista que tudo é observado e narrado. Chamamos esse tipo de narrador de(?).

As palavras que completam corretamente a afirmação acima são:

a) 1ª pessoa, antagonista, narrador-observador

b) 2ª pessoa, protagonista, narrador-personagem

c) 3ª pessoa, secundário, narrador-observador

d) 1ª pessoa, protagonista, narrador-personagem

e) 3ª pessoa, protagonista, narrador-personagem

 

13 - Que marcas gramaticais permitem dizer em que pessoa um texto é narrado? Retire 3 exemplos do texto lido.


14 - Transcreva uma frase ou expressão que revelem impressões do narrador.

 

15 - Reescreva o parágrafo sublinhado, alterando o foco narrativo.

 

16 - Na maior parte de suas falas, o autor utiliza os verbos no tempo (?), pois está narrando fatos que (?). Já o tempo verbal utilizados nas falas dos personagens é o (?), já que se referem a fatos que (?).

a) presente, estão acontecendo, pretérito, já aconteceram.

b) pretérito, já aconteceram, presente, estão acontecendo.

c ) futuro, irão acontecer, presente, estão acontecendo.

d) presente, já aconteceram, pretérito, estão acontecendo.

e) pretérito, estão acontecendo, futuro, irão acontecer.

 

17 - Além dos verbos, há outras maneiras de marcar o tempo em uma narrativa. Localize, no texto, uma palavra ou expressão que indiquem tempo decorrido na narrativa.

 

18 - Nesse conto, o narrador tem acesso aos pensamentos e emoções das outras personagens?

a) Em que momento o narrador descobre os verdadeiros sentimentos de Neusa em relação a ele?

b) Em sua opinião, por que ele não acreditou quando ela disse, no quintal, que gostava dele?

 

19 – No texto predomina o discurso direto ou indireto? Justifique

 

20 – Reescreva o trecho abaixo, modificando o discurso utilizado pelo narrador:

 Discurso direto:

            Quando entrei na cozinha, Vovó estava me esperando:

— Pode ir direto para o quarto, já sei de tudo. Fiquei fechado de castigo até a hora da janta.

 

a) Discurso indireto:

 

b) Discurso indireto livre:


Ambiguidade

  ✅ O que é Ambiguidade? A ambiguidade , também conhecida como anfibologia , ocorre quando uma frase, expressão ou palavra permite mais d...